"Estou sempre a fazer aquilo que não sou capaz, numa tentativa de aprender como fazê-lo!"
Pablo Picasso


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Janelas ou não janelas... eis a questão

Tenho sempre esta dúvida sobre como desenhar as janelas. Por vezes represento a caixilharia, ainda que de forma simplificada, mas caio no erro de simplificar demais e ter alguma dificuldade em distinguir uma janela desenhada por mim de uma desenhada pela minha filha de 7 anos. Tão pouco perceber o que é que ando afinal a fazer há tantos anos a (tentar) desenhar para ter dúvidas destas.

É certo e sabido que nunca se sabe tudo sobre desenho, (aliás nunca se sabe tudo sobre seja o que for...) mas este caso irrita-me particularmente porque é daquelas coisas que pode arruinar por completo um desenho, ou torna-lo fantástico mesmo que todo o resto esteja uma perfeita catástrofe.
Tento sempre evitar o cair no "tique" de desenhar seja o que for com certos jeitos e maneirismos só porque sim. Da mesma forma que tenho vindo a evitar desenhar linhas desnecessárias e sintetizar não só o que represento, mas também como represento. Vejo por vezes desenhos fabulosos como por exemplo os do L.K.Bing preenchidos com um frenesim de linhas onde tudo faz sentido, mas acabo por me identificar mais com um tipo de desenho mais depurado e onde a complexidade surge não como resultante de um somatório de riscos amorfos, mas pela presença de elementos representados na sua essência  que efectivamente façam parte da cena e onde a hierarquia da sua representação da forma mais simples, seja de facto o que lhe confere mais sofisticação.

Por isso mesmo hoje experimentei fazer de forma diferente. Desenhei o contorno dos vãos pelo limite exterior das cantarias e por dentro pintei apenas o escuro da janela, ignorando por completo as linhas da caixilharia que tantas vezes tendo a desenhar e que me sobrecarregam o desenho para além de qualquer limite aceitável...
O resultado está ao nível de um esquisso rápido ao almoço com um pincel da Pentel (daqueles com reservatório de água) que reduzem a precisão à era do paleolítico e me deixam a pintar qual mamute ferido...(também serve como uma excelente desculpa quando não se consegue fazer melhor... "era do pincel e tal...") mas a ideia é esta: Representar apenas a mancha do vidro e deixar em branco o que se definirá sem necessidade de linhas como o caixilho.
Também foi um bom exercício "Tea-Milk-Honey" que permitiu hierarquizar os elementos e dar uma profundidade extra às janelas.






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