Sempre gostei de desenhar locais invulgares, por vezes invulgarmente difíceis ou até mesmo o oposto, mas sempre lugares que por alguma razão me captam o olhar naquele momento em que imagino o que vejo enquadrado na folha do meu caderno. Lisboa está repleta de azinhagas, traseiras de ruas e prédios que parecem invisíveis à maioria dos olhares. Na minha saga pelas azinhagas da zona oriental de Lisboa encontrei mais esta que até pelo nome merece o desenho. O recanto acontece já no fim quase a entrar na Rua da Quinta do Ourives.
O local não é de um valor histórico, arquitectónico e patrimonial de referência, mas daqui a 20 anos provavelmente nada disto existirá e tudo isto que é a memória daquilo que foi uma Lisboa rural, pobre e estigmatizada que muito poucos conhecem, deixará de existir por completo. Nalguns casos ainda bem, noutros lamento a perda dessa memória para futuras gerações entorpecidas e mesmo a perda da função de certas zonas que apesar de estarem cada vez mais rodeadas pela malha urbana poderiam ser revitalizadas de outra forma que não através de construção massiva e mais habitantes para esta cidade
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